sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Novena à Sr.ª do Livramento



Na Capela da aldeia de Telhadela da freguesia de Cernache existe uma imagem de N.Srª do Livramento, do Séc. XVI, a quem os católicos (e não só) devotavam grande crença.

Quando chegava a altura dos mancebos irem “às sortes” (nome que se dava ao dia em que iam à inspecção militar) as mães iam junto da imagem e rogavam: "Senhora livra o meu filho da tropa que eu venho cá com uma novena!"

A Novena constava em no dia escolhida a pagadora da promessa ia ao moinho do Ti Bideira com o taleigo de trigo e trazia-o com farinha moída à pedra "alveira" que colocava na velha gamela de madeira. Juntava-lhe açúcar, cominhos e alguns frutos secos e amassava, tendo o cuidado de, no cimo da massa, com a mão, fazer uma pequena cruz que significava um melhor "alevedar", cobrindo-a depois com um cobertor da cama.

Enquanto tratava da lida casa ia deitando os olhos ao empolamento da massa, ao mesmo tempo que, no forno, as cavacos ardendo iam dando uma cor rosada ao interior do mesmo, sinal de que estava na altura de enfornar as broinhas tendidas no velho "tejalão".

No dia seguinte, à tarde, juntavam-se à sua porta os amigos convidados, seguia à frente a pagadora da promessa levando à cabeça a velha mas desenxovalhada canasta com as deliciosas broinhas. Na cauda do cortejo seguia um tocador de harmónio ou de concertina, acompanhado das vozes dos acompanhantes cantando cantigas como “À Porta do Lúcio” ou a “Padeirinha”, rumo à Telhadela.

Junto à Capela da Féteira o povo aguardava a passagem do cortejo e quando, ao longe, o avistava já na secular Ponte de Marvão, repenicava a sineta da Capela convidando os féteirenses a juntarem-se à festa.

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